domingo, 28 de junho de 2015

Fichamento SÃO JOÃO EM SÃO LUÍS: O MAIOR ATRATIVO TURÍSTICO-CULTURAL DO MARANHÃO - PARTE I


 
                                                                                               Imagem 1


PREFÁCIO

  • De acordo com a tradição, mesmo sendo uma manifestação católica, as Festas de São João já existiam antes do catolicismo. A maior parte dos historiadores prega o seu surgimento em consequência do solstício de verão na Europa, Oriente Médio e Norte da África, época em que os povos celtas, bretões, bascos, sardenhos, egípcios, persas, sírios e sumérios criavam expressões de fertilidade para promover o crescimento da vegetação e a fartura das colheitas.
  • Rituais esses, que apesar de serem identificados pagãos, não poderiam ser desconsiderados ou mesmo retirados da memória dos povos acima citados. Desta feita, a Igreja Católica resolveu adaptá-los às comemorações dos festejos de São João, cujo nascimento ocorreu no dia 24 de junho, dia do solstício.
  • O ciclo das festas católicas tem no seu todo varias comemorações de Dias de Santos, cujo calendário tem o ponto inicial com o nascimento de Jesus Cristo e se encerra com a paixão e morte do filho de Deus.
  • No Maranhão, principalmente em São Luis, a tradição brasileira das festas católicas se confirma, ou seja, as mais importantes são o Natal, a pascoa e o São João.
  • O São João faz parte de um conjunto maior denominado de Festas Juninas, onde se destacam os seus principais santos do mês de junho: Santo Antônio, dia 13; São João, dia 24; São Pedro e São Paulo, dia 29. Para nós, São-Luisenses, ainda agregamos São Marçal, dia 30. Assim, as Festas, aqui, possuem o seu ciclo maior do que em qualquer outra parte brasileira.
  •  O São João são-luisense não poderia ser outra coisa, senão uma enorme diversidade de som, de manifestações, orações, ladainhas, uma religiosidade incomparável, uma destreza ímpar para danças, resultados de grandes belezas de miscigenação das raças brasileiras.
  • É um dos maiores espetáculos quando os apitos dos amos dos bumba-boi ecoam, quando as fogueiras acesas homenageiam os Santos Juninos, os fogos de artificio soam forte e os cantos, recantos e os belos encantos dos Lençóis maranhenses, urram sob a sina de um Touro Negro reluzente, com uma estrela de ouro na testa.

PARTE I

1 INTRODUÇÃO

  • De acordo com Zelinda Lima, no período de 1939 e 1949, a Chefatura de Policia, exercida pelo conhecido Delegado Flavio Bezerra, mandava publicar no Diário Oficial do Maranhão, portaria que, entre outros itens resolve: “para maior segurança da ordem e tranquilidade publica, proibir que os bumba-boi percorram o perímetro urbano da cidade, em demonstrações de suas danças características, o que só poderão fazer no perímetro suburbano, a partir da esquina da Avenida Getúlio Vagas, com a rua Senador João Pedro, para o lado do Anil”.
  • Este costume continuava tradição anterior, pelo menos desde 1920, em que o Delegado Geral de Segurança, no Diário Oficial, tornava: “publico, para quem interessa possa, que expressamente proibido tocar bombas no perímetro urbano, fazer brincadeira de Bumba-meu-boi, bem assim como tocar a caixa do Divino Espirito Santo”.
  • Antigamente proibiam-se grupos de bois entrarem na cidade alegando que o encontro entre dois grupos costumava provocar tiros e mortes...
  • No inicio da década de 1950, tivemos os primeiros contatos diretos com os festejos dos Santos do mês de junho, em São Luís do Maranhão, isso porque é uma das mais legitimas tradições familiares são-luisense.
  • “No nosso Maranhão, o São João é muito mais animado e gostoso que o carnaval” – não é atoa que o povo, na sua espontânea e peculiar sabedoria, repete constantemente esta afirmativa, que deixa patente uma marca característica da nossa realidade cultural: a intensidade com que se comemora os festejos juninos...(CARVALHO: 1994, p.3)
  • Naquela década já era enorme o destaque dado ao folguedo do Bumba-boi, entretanto, ainda sofria fortes rejeições da grande maioria da sociedade local, assim, predominavam grandes preconceitos, intolerantes discriminações com as Festas Juninas.
  • Após a grande concentração do bairro do João Paulo, os festejos juninos, foram se aproximando da área central da capital maranhense. Passaram a ser centralizados na Praça Deodoro, estiveram por alguns anos no Parque Bom Menino, etc. Hoje, os terreiros estão espalhados por toda Ilha de São Luís, transformando a capital maranhense no maior arraial do Brasil.
  • São as festas juninas são-luisenses revigoradas com programações bastantes variadas, nos inúmeros bairros e também nas outras cidades da Ilha.
  • O Bumba-meu-boi nos vários ritmos ou sotaques, deixa espaços para todas as manifestações. Assim, compartilham fazendo a festa com danças bastantes animadas ao exemplo: Tambor-de-Crioula, Cacuriá, São Gonçalo, Portuguesa, Passarinho, Boiadeiro, Facão, Coco, Lelê, Caroço, etc, e outras tantas centenas de manifestações da cultura popular são-luisense, com suas inovações, fazendo exclusões, inclusões e articulações de partes, para alguns contraditórias, mas que dançam, folgam, nos mais distintos arraiais da Ilha Grande para louvar a São Antônio, São João, São Pedro e São Marçal, misturando a tradição com modernidade reafirmando vivamente à dinâmica da vida.
  • A cultura popular maranhense é um cenário multicolorido, uma beleza eletrizante entre sons, cores, sabores, aromas, habitat, arte e gente da gente fazendo, junto conosco, na melhor terra do mundo: o Maranhão.
  • Herdamos, dos colonizadores portugueses, as três festas básicas do ano: o Natal, Pascoa e São João.
  • Chegamos a afirmação de que as Festas Juninas são-luisenses são, atualmente, exibidas em novos cenários, onde foi trocada a vivência da zona rural, das casas de família pela massificação dos grandes centros urbanos. Mas, sem sombra de duvida, é a maior manifestação popular, em termos de concentração publica do Estado do Maranhão.
  • No mês de junho, a Ilha Grande se transforma em um imenso e único arraial. Os festejos juninos são-luisenses não são fator modal e nem tão-somente fenômeno de mídia. Acontecem motivados pelo simples prazer da população festejar seus santos e fazer parte daquilo que lhe indica cada vez mais, são raízes.


FESTAS POPULARES
  • As raízes das festas no Brasil não divergem de suas origens mundiais, que estão na utilização do tempo em fases distintas, havendo ritos específicos para reverenciar a data que assinala a tramitação de um ciclo para o outro.
  • Desta feita, as principais festas coincidem com o inicio da primavera, a colheita dos frutos e o final da atividade do setor primário.
  • No universo das inúmeras religiões estão determinadas datas para as comemorações dos fatos litúrgicos, evidenciadas através dos tempos e dos mais variados cantos do Mundo, ai se destacam as manifestações, tais como: o engalanamento, as máscaras, os disfarces, os trajos especiais, a música e a dança. Mas, foi o cristianismo que deu novo direcionamento às festas religiosas.
  • A igreja determinou certas datas para que fossem dedicadas ao culto divino, considerando-as dias festivos.
  • Foram divididas em dois grupos: As Festas do Senhor e as Festas dos Santos. As segundas são com dias fixos, assim como algumas festas do Senhor: Natal e Reis, enquanto as demais são moveis devido seguirem um calendário litúrgico, baseado no calendário lunar, em que se destacam: Paixão de Cristo, Pascoa, Pentecostes e Corpus Christi.
  • A aculturação brasileira se formou com a mega miscigenação que se processou na sua povoação com o índio, o branco, o negro, e os mais variados imigrantes das inúmeras nacionalidades.
  • As grandes festas populares estão ligadas geralmente à religião e ao trabalho. No Brasil as festas religiosas são muito concorridas. Algumas delas vieram de religiões diferentes, que se foram misturando com o passar do tempo.


FESTAS JOANINAS & JUNINAS

  • Assim, como herdamos dos nossos colonizadores as raízes do Carnaval, os portugueses trouxeram consigo os festejos joaninos com origens das mais antigas, com seus alicerces em recuadas épocas da Era pré-Cristã. Mas, foi no Catolicismo, que houveram influências decisivas para a transformação de uma manifestação profana em festa-louvação de caráter especificamente religioso numa homenagem a São João Batista.
  • São remotas as datas do inicio desses festejos. As fogueiras acesas com a finalidade de saudar e/ou comemorar acontecimentos especiais, isso é de origem pagã.
  • Existem fatos e fenômenos contraditórios narrados a respeito das festas em homenagem a São João, isto, na nossa suposição, está relacionado com a origem desta louvação, que é deveras antiga e tem grande vinculação com a aculturação do Sol e a fertilidade celebrada por datas comemorativas a chegadas do verão, de origem dos egípcios, quando festejavam os resultados positivos das boas colheitas. No território cristão, sob o Império de Roma, foi preservado e acabou incorporado aos romanos às louvações a São João.
  • As terminologias de Junino e Joanino são bastante discutíveis, entretanto, existem diferenças. Levando em consideração a formação dos vocábulos, que implica em sendo as suas derivações: joanino referente a São João e juninos ao mês de junho, o 6º mês do calendário.
  • Portanto, os dois usuais termos, ambos estão certos. Entretanto, quando nos referimos ao conjunto de manifestações populares que acontecem no mês de junho, estamos nos referindo as Festas Juninas, bem como, quando nos relacionamos às homenagens realizadas no dia de São João (dia 24), é Festa Joanina.

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Fontes:
REIS, José Ribamar Sousa dos. São João em São Luis: o maior atrativo turistico-cultural do Maranhão. Sao Luis: Aquarela, 2003.

Imagem 1. Disponivel em:<http://www.luizberto.com/2012/06/01>. Acesso em 28 jun 2015

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