domingo, 21 de junho de 2015

Fichamento da obra Ação e presença dos portugueses na Costa Norte do Brasil no século XVII - a guerra do Maranhão: 1614-1615*

       Imagem 1 - Ilustração da capa da obra


    1. POVOS DA COSTA NORTE: TUPINAMBÁS, TREMEMBÉS, AROANS, NO SÉCULO            XVII
  • Historiadores da História do Maranhão não tem nenhuma dúvida de que os portugueses precederam os franceses na chegada ao litoral da Costa do Norte desde 1535 quando aconteceu o desastre com a esquadra financiada por João de Barros e Aires da Cunha, os primeiros donatários beneficiados com as doações de Dom João III, que também mandou à Bahia o primeiro Governador Geral Tomé Sousa em 1549.
  • No entanto, o imenso litoral do Brasil desde Santa Catarina até a foz do rio Amazonas na Capitania do Cabo do Norte era bastante povoado por numerosas nações de Aborigenes.

                  Imagem 2 - ilustração de D. João III

  • Da COSTA NORTE, destaca-se três importantes povoadores primitivos que eram: TUPINAMBÁS, TREMEMBÉS e AROANS.
  • O contato bem intenso com essas três grandes nações tribais ocorreu em decorrência das lutas e escaramuças dos portugueses contra os franceses sediados na Ilha Grande do Maranhão e contra os holandeses e ingleses alojados no delta do rio Amazonas.
  • Nos litorais do Ceará, Piauí e Maranhão em Camocim e a entrada do rio Preguiça viviam os indígenas Tremembés; no vale do Parnaíba, abaixo da entrada do rio Poti até o Delta, viviam os Charunás, parentes dos Guanarés de Aldeias Altas. No Vale do Itapecurú para baixo de Caixias e nos rios Monim e Icatu viviam os Caicaízes.

                           Imagem 3 - Ilustração de índios Tupinambás

  • Na Ilha do Maranhão, viviam os Tupinambás, fugidos há 100 anos do litoral de Pernambuco.
  • Tupinambás, o povo mais numeroso do litoral brasileiro, estavam bem distribuídos na COSTA NORTE e até mesmo em áreas do vale amazônico.
Imagem 4 -Mapa da Costa do Ceará, com destaque aos domínios Tremembé

  • O povo Tremembé - Esta nação distribuía-se pelo litoral do Ceará, Delta do rio Paraguaçu (Parnaíba) e Litoral do Maranhão.
  • Uma mapa desenhado em 1629 pelo cartógrafo João Teixeira de Albernaz inserido no "Pequeno Atlas do Maranhão e Grão-Pará" traz a legenda do território de habitação dos Tremembés com o titulo de "Província dos Taramembez de guerra" - Imagem 4.  É o território que vai desde o rio Jaguaribe (Ceará) até o delta do rio Parnaíba (Piauí).
  • A pesquisadora e historiadora Joína Freitas Borges faz referencia aos Tremembés como aliados dos portugueses na guerra do Maranhão, onde os guerreiros tremembés tiveram atuação decisiva na expulsão dos franceses da COSTA NORTE.
  • Assim, não se tem nenhuma dúvida de que a nação dos Tremembés ou Taramabés de Guerra, como se registra no Atlas de Albernaz (1629) foi aliada irrestrita dos lusitanos nas guerras contra os franceses alijados entre o Ceará e o Delta do rio Amazonas.
  • No arquipélago de marajó e Costa do Norte do Amapá e Guianas, os povos eram de origem Carib, com grande civilização AROAM que entrou em atrito com os portugueses já em 1618.

                                                  Imagem 5 - índios Mundurucus

  • Acima do Rio Xingu até a embocadura do rio Madeira no Amazonas havia o domínio dos Mundurucus e a região recebeu o nome de Munducurânia.
  • Os Mundurucus são classificados por Estevão Pinto (1935) "Os indígenas do Nordeste", como povo do tronco linguístico TUPI GUARANI. Faziam fronteira pelo lado esquerdo do Rio Madeira com Muras que eram de etnia Guaiacurú.





   2. OS FRANCESES NA COSTA NORTE

                 Imagem 6 - presença dos franceses na Costa Norte

  • É notória por parte de muitos pesquisadores da História do Maranhão e Pará a presença ostensiva de franceses na COSTA NORTE do Brasil nos fins do século XVI e início do século XVII.
  • O próprio Charles de Vaux reconhecia que naquele ano de 1612, os franceses negociavam com a nação Tupinambá há mais de 40 anos.
  • Dos autores maranhenses dos nossos dias destaca-se Mário Martins Meireles com o livro França Equinocial (1982), fazendo excelente análise sobre a presença de marinheiros franceses no litoral maranhense desde o ano de 1579 quando um aventureiro, primo da rainha Catarina de Médici fizera "viagens secretas de reconhecimento ao litoral nordestino brasileiro"(...)
  • Outro autor que estudou a presença francesa no Maranhão e nos vales dos rios Araguaia e Tocantins é Otávio Barros da Silva no seu recente estudo intitulado: presença da França no Tocantins (2010).
  • A narrativa de BARROS DA SILVA toma como base a obra do padre Yves d'Evreux e pontua o importante momento de 1613, no mês de julho, quando o comandante Daniel de la Touche partiu da Ilha de Upaon-açu com marinheiros e índios tupinambás em busca dos rios Tocantins e Araguaia. Para esse autor, os núcleos que atualmente se denominam Itaguatins e Araguatins foram também descobertos e povoados pelos franceses que se deslocaram de São Luis, no litoral, e subiram por esses dois ris referidos.
Imagem 7 - Busto de Daniel de la Touche

  • O costume tribal da época era de acompanhar as caravanas, tanto as fluviais como as terrestres e, dessa forma, a esquadra francesa que partiu de São Luis, em julho de 1613, para explorar o vale do rio Tocantins foi reforçada por grandes contingentes do Maranhão e Pará, todos de nação Tupinambá.
  • O trajeto marítimo  entre a Ilha do Maranhão e a entrada do rio Tocantins na baia de Guajará (Belém) implicava necessariamente a passagem pela aldeia de Caeté povoada de Tupinambás e pela aldeia de Maracanã também habitada pelos Tupinambás. Nessas duas grandes povoações de índios do Pará, os franceses recrutaram os remadores de suas canoas para subirem o Tocantins e Araguaia.
  • A esquadra francesa comboiada pelo almirante La Ravardière com apoio de centenas de índios remadores das aldeias do Maranhão e Pará, todos esses nativos do povo Tupinambá, subiu o Tocantins até a confluência com Araguaia.

                            Imagem 8 - Mapa do Maranhão, século XVII

  • Os franceses de São Luis foram bem recebidos pelas populações do Tocantins e que conseguiram estabelecer alianças de amizades com aquelas comunidades indígenas. Assim, foi muito fácil para os franceses vindos da Ilha Upaon-açu  estabelecerem as feitorias de Itaguatins (no Tocantins) e de Araguatins (no rio Araguaia).
  •  Para estudiosos da História do Maranhão, relativa ao início do século XVII, as crônicas mais completas a respeito do povo Tupinambá da COSTA NORTE, foram escritas pelos dois frades franciscanos, Claude d'Abbeville (1614) e Yves d'Evreux (1613/1614).
  • A frota francesa que saiu do porto de Cancale em 19 de março e aportaram no Maranhão no dia 26 de junho de 1612 onde ancoraram três navios da frota na pequena Ilha, a qual deram o nome de Ilha de Santa Ana, em frente a Ilha Grande que os nativos chamavam UPAON-AÇU.
  • Os portugueses que ganharam a guerra contra os franceses só começaram a fornecer relatórios e mapas da COSTA NORTE após o ano de 1618.
  • Com a guerra contra os franceses em 1614, muita gente nativa foi exterminada e grande parte dos sobreviventes deslocou-se para os interiores do Maranhão e Pará. Apenas a velha aldeia de Maracanã, no Pará, manteve-se aliada aos portugueses.




   3. CONFLITOS, ESCARAMUÇAS E REFREGAS PELO DOMÍNIO DO ESPAÇO DA               COSTA       NORTE
                                         Imagem 9- Exploração de Pau-brasil


  • Embora os portugueses tenham esporadicamente incursionado pelo litoral do Nordeste brasileiro e pelo delta do rio da Prata no extremo Sul a partir de 1501 fazendo as expedições "guarda-costas", os franceses revelaram-se mais arrojados nas muitas visitas que fizeram pelos mesmos mares, vindos do lado do Caribe, costeando sempre o Atlântico e procurando o povo Tupinambá para fazer o comercio de escambo através da troca de "bugingangas e quinquilharias" europeias com a madeira vermelha que chamavam "bois du Brésil".
  • Os franceses mesmo após a expulsão da baía de Guanabara, onde se haviam fixados sob a liderança de Nicolau Durand de Vilegaignon, não desistiram de seus propósitos de dividir o Brasil com os portugueses.
  • Após tentativas de se fixarem em diferentes áreas da America do Norte, voltam-se novamente para a America do sul.
  • Velhos e experientes marinheiros franceses como piratas arrogantes e ambiciosos nos seculos XVI e XVII estiveram por toda parte nas duas Américas e na região do Caribe. 
  • MEIRELES afirma que a tentativa frustrada dos franceses na Ilha da Trindade ou na Ilha de São Luis, como chamamos atualmente, a qual os tupinambás denominavam de Upaon-açu (Ilha Grande). Esse episódio da invasão francesa no Maranhão em 1612 deve ser analisado no enfoque da reação dos portugueses na COSTA NORTE.
  • Expulsos do Maranhão em 1615, os franceses não abdicaram da insistente ousadia com o fim de se apropriarem de um pedaço de terra na America do Sul, alvo que conseguiram fixando-se na Guiana, fronteira com o Brasil e nas Ilhas Caribenhas de Guadalupe e Martinica.
  • Os portugueses não teriam tido preocupações de ocupar e agir com urgência na COSTA NORTE DO BRASIL, se a ameaça francesa não fosse tão iminente.
  • A guerra do Maranhão movida contra o almirante Daniel de la Touche que se instalaram na Ilha Grande foi consequência direta do perigo de perda do imenso território do norte do Brasil para a França, cujos marinheiros conheciam a COSTA NORTE desde 40 anos antes dos portugueses ali se fixarem em caráter definitivo.
  • A guerra contra os franceses alojados no Maranhão na Ilha Grande do  Maranhão representava o conflito mais difícil e uma área considerada perdida por importantes autoridades do reino de Portugal.
  • A razão maior de desanimo e desesperança dos governos de Lisboa quanto a recuperação do Maranhão era a solida aliança já estabelecida por muitos anos entre os corsários franceses e os habitantes tupinambás da Ilha do Maranhão, base dos franceses que aumentavam cada vez mais os seus efetivos em numero de soldados, navios de guerra e missionários católicos muitos zelosos e interessados na conversão dos tupinambazes ao catolicismo.
  • As escaramuças entre franceses e portugueses ja vinham acontecendo desde o seculo XVI, porque desde 1595, os franceses vasculhavam o NORTE, vindos do Caribe na tentativa de se estabelecerem nas margens do rio Amazonas.
  • A ocupação do Maranhão foi a consequencia logica dessas tentativas e experiencias bem sucedida de fixação, porque o povo tupinambá, hegemonico entre os indígenas de todo o litoral da COSTA NORTE, acolheu e protegeu a presença desses europeus de Cancale e de La Rochelle.

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Fonte de ilustrações:

Imagem 1- CARVALHO, João Renor Ferreira de. Ação e presença dos portugueses na costa Norte do Brasil no seculo XVII- a guerra no MAranhão: 1614-1615. Teresina: EDUFPI, e Ethos Editora, 2014.

Imagem 2 -  ilustração de D. João III. Disponivel em:<http://www.hirondino.com/historia-de-portugal/perca-reconquista-da-independencia/> Acesso em 21 jun 2015

  Imagem 3 - Ilustração de índios Tupinambás. Disponivel em:<http://en.bahia.ws/historia-e-turismo-da-baia-de-todos-os-santos/> Acesso em 21 jun 2015

Imagem 4 -Mapa da Costa do Ceará, com destaque aos domínios Tremembé. Disponivel em<en.wikipedia.org> acesso em 21 jun 2015

   Imagem 5 - índios Mundurucus. Disponivel em:<pt.wikipedia.org> Acesso 21 jun 2015
   Imagem 6 - presença dos franceses na Costa Norte. Disponivel em :<www.onordeste.com> Acesso 21 jun 2015

Imagem 7 - Busto de Daniel de la Touche. Acesso em 21 jun 2015

    Imagem 8 - Mapa do Maranhão, século XVII. Disponivel em:<http://linux.an.gov.br/mapa/?p=4652>. Acesso em 21 jun 2015

  Imagem 9- Exploração de Pau-brasil. Disponivel em:<jchistorybrasil.webnode.com.br> Acesso em 21 jun 2015














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