quarta-feira, 22 de julho de 2015

Fichamento da obra SÃO JOÃO EM SÃO LUÍS: O MAIOR ATRATIVO TURISTICO-CULTURAL DO MARANHÃO – PARTE IV



AS BRINCADEIRAS JUNINAS

  • As manifestações folclóricas maranhenses também denominadas Brincadeiras, na verdade não se trata de nenhuma invenção e sim de uma legitima interpretação do vocabulário brasileiro, segundo o Mestre Aurélio, dentre suas derivações encontram-se: Passatempo, entretenimento, divertimento; Folguedo, festa, festança; Diversão carnavalesca, folia; Festa informal ou improvisada.
  • São inúmeras as manifestações da Cultura Popular Maranhense nesse período das Festas Juninas, umas quase desaparecendo, outras florindo. 



Danças e folguedos

  • Receberam do Estado via o Programa São João 2001, vinte e hum tipos principais de brincadeiras. Assim, temos: Bumba-meu-boi (orquestra, matraca, zabumba, costa de mão), grupos para folclóricos (boizinho barrica, pirilampo, boi pintado, boi de fita, etc), tambor de crioula, Quadrilha, Show atrista maranhense, dança do coco, cacuriá, dança do cacurelé, dança do Lelê, dança do Caroço, dança portuguesa, dança do boiadeiro, dança do baião, dança da Lili, conjunto de forró de belágua, dança da mangaba, conjunto da macura, dança indígena.



O Bumba-meu-boi

                                                  Imagem 1 - Bumba-meu-boi
  
  • O Bumba-boi, como é mais conhecida a brincadeira no Estado, é caracterizado por diferentes personagens, variando de ritmo e que inicia o ciclo com o batizado e termina com a morte e ressurreição do boi.
  • Varias são as toadas tiradas na morte como no momento de lança-lo durante todo o auto. Comes e bebes são constantes, fatores que jamais poderão faltar em uma roda de boi.



O Auto do bumba-boi

O Enredo:

  • A lenda principal da brincadeira é narrada, que fato acontecido a um casal de negros escravos, de uma determinada fazenda; o homem, chamado Francisco, e mulher, Catirina. Esta, gravida e desejosa, exige do seu homem que lhe traga a língua de boi para comer. Assim, Pai Francisco rouba o mais bonito touro do seu patrão – o dono da fazenda -, e quando está no inicio da matança, é descoberto. Logo se constitui enorme tristeza, pois o novilho mais querido do fazendeiro está praticamente morto. Tomando ciência do acontecimento, o patrão manda o capataz apurar o caso. De imediato, os vaqueiros apontam Chico como o autor da façanha. Um grupo é formado para prender o acusado, que, reage, luta e se recusa ir à presença do patrão sendo necessária a formação de uma equipe de índios, logo mobilizados. Assim, dominam Pai Francisco e, despojado de suas armas – espingarda e facão -, é conduzido até o patrão. Preso o nego Chico, este terá de dar conta do boi, sob pena de pagar com a própria vida. Chico passa por violento interrogatório e de inicio, nega qualquer envolvimento com o roubo do animal. Mas finalmente, resolve confessar o crime. Em virtude disso, toda a fazenda foi mobilizada para salvar o boi. Então são chamados os pajés, doutores, que conseguem finalmente ressuscitar o animal, para a alegria de todos da fazenda, pois o homem e o boi estavam salvos. 


Sotaques , Estilos, Ritmos Básicos do Bumba-meu-boi Maranhense

  • Classificado os estilos ou sotaques da brincadeira em cinco campos distintos e básicos que são: 1- Bois de Zabumba (Zabumba); 2- Bois da Ilha (Matracas ou Pandeirões); 3 – Bois de orquestra (Orquestra do Munim); 4 – Bois da baixada ( Bois de Pindaré e outras regiões) e 5 – Bois de Cururupu (costa-de-mão).



Instrumentos básicos do Bumba-boi
  • No boi maranhense existem características sonoras de melodias diferenciadas, trajes e adereços diferenciados, coreografias distintas, instrumentos característicos e até personagens diferentes. Os instrumentos estão assim, distribuídos:

  1. 1-      Os únicos instrumentos comuns a todos os sotaques são o tambor-onça, o apito e o maracá – este ultimo mudando de tamanho e formato de grupo para grupo;
  2. 2-      Matracas, de cordéis pequenas e finas, dependuradas no pescoço (nos bois da baixada), feitas rachas, tacos, pernamancas – grandes, leves ou pesadas (bois da ilha);
  3. 3-      Tambores, bumbos (bois de orquestra), Zabumbas (bois de zabumba), Tamborinho ou Pandeirinho (bois de zabumba), Tamborinho ou Pandeirinho (bois de zabumba), pandeirões ou Tinideiras (bois da ilha), Pandeirões em 3 tons ou tamanhos (bois da baixada), Pandeiros de costa-de-mão com ou sem cordel, e, com ou sem pratínelas (bois de cururupu);
  4. 4-      Sopros e cordas (bois de orquestra).

    

    Quadrilha


                                                                             Imagem 2 - Quadrilha


Aspectos Históricos

  • As danças sempre predominaram nos festejos de São João, que se iniciam na tradicional data comemorativa a Santo Antônio e seguem até o final do mês de junho quando se cultua São Pedro, aqui no Maranhão, ainda se espicha o período festivo com o dia 30 dedicado a São Marçal.
  • A palavra Quadrilha etimologicamente origina-se do castelhano Cuadrilla, que significa grupo de quatro cavaleiros, já no francês Quadrille define “turma de pares que executam uma contradança”.
  • A origem da Dança da Quadrilha se desenvolveu ao longo do século XIX e continua, ainda, como destaque nas Festas Juninas. Ao contrario do que se pensa, a quadrilha não nasceu nos salões da corte francesa. Ela ensaiou os seus primeiros passos nas zonas rurais francesas, nos bailes promovidos pelos camponeses gauleses.
  • Em pouco tempo a Dança da Quadrilha foi transformada pelos brasileiros em festa popular, tendo como objetivo alegrar casamentos, batizados, festejos religiosos, exatamente no período junino.
  • Com a demanda natural da população para os centros urbanos, no final do século XIX aconteceu um desinteresse das massas populares com referencia as Danças de Quadrilha.
  • Pelos anos finais do século XIX, tiveram ascendência outras danças e manifestações populares como a polca, o maxixe, o lundu, e, mais popularmente, os congos, fandangos, reisados e pastoris.
  • Já na década de 1940 a dança da quadrilha toma grande folego, estava portanto revivida uma manifestação que se tornará elemento cultural da maior significação para a população brasileira, através disso passou a expressar culto e alegria , imbricados aí o sagrado e o profano numa simbiose ímpar e maravilhosamente exercitada.
  • A quadrilha passou pelo século XX perseguida de perto por novas modalidades de expressões corporais e musicais, como os modismos baianos e os funck e rock, importados em larga escala da civilização ianque, com o beneplácito dos mecanismos de comunicação aliado.


Entrar na dança

  • Na Zona Urbana se dança espontaneamente a quadrilha matura ou de São João, com uma indumentária específica, totalmente matuta, simples e natural. Camisas coloridas, com cores bastante vivas, remendadas a parecer naturalmente. Calças puídas, também remendadas; chapéus de palha, chamató (preferencia). As damas vestem roupas longas, com muito babado e super coloridas. Muitas damas usam colares, brincos e outros tantos balangandãs.
  • Na dança, não se observa nada uniforme. Depende exclusivamente de cada grupo. Entretanto, é mantida a essência em todas as regiões brasileiras. Nas evoluções, existe uma execução sincronizada e harmoniosa feita por casais de dançarinos de quantidade variável. No passado o numero mínimo de pares era limitado em 8 (oito), agora não existe limitações, so que continuam divididos em fileiras duas fileiras de um lado os cavalheiros e do outro as damas, no centro fica o gritador, o marcador, o mandante da quadrilha.


Cenários atuais da Quadrilha São-Luisense

  • Atualmente, a quadrilha é uma das grandes atrações dos arraiais maranhenses no mês de junho, onde funciona como peça de real tradição. É uma dança de pares e segue uma coreografia, onde os integrantes fazem evoluções, finalizando sempre quando os pares de origem novamente se encontram.
  • São Luís conta com mais de três dezenas de grupos quadrilheiros distribuídos nos mais diversos bairros e ruas da cidade.
  • A maioria das quadrilhas da cidade nasceu a partir de encontro de grupos de amigos que buscavam uma forma de se divertir no próprio bairro, durante o período de São João.
  • No passado, as quadrilhas dançavam ao som de musicas tradicionais da época junina. Presentemente, a maioria já possui em seus quadros de brincantes e compositores, que criam musicas que falam não somente da cidade, mas também do bairro, da rua, de moradores, dos Santos padroeiros, etc.


Tambor-de-crioula


                                                                 Imagem 3 - Tambor-de-crioula

  • Manifestação folclórica de origem afro, surgido nas senzalas com os escravos, que se reuniam e cantavam sob um ritmo, deveras, marcante dos tambores em três tamanhos (crivador, meião e grande), tocados exclusivos por homens, já as mulheres dançam em roda, reverenciando a parelha de tambores e dando a famosa “punga”, “pungada” ou “umbigada”. A maioria dos grupos é organizado em pagamentos de promessas a São Benedito, o protetor dos negros, não existe período/ ciclo para as apresentações deste tambor, são constante o ano inteiro.
  • Nesta dança, o informalismo é evidente, deixando, logo à primeira vista, o seu grande senso de liberdade. Caracteriza-se pela “punga”, onde é verdadeiramente observada em sua coreografia a participação destacada da mulher. Para alguns folcloristas é considerada uma dança erótica, sensual, para outros luxuriosa.
  • As dançantes são chamadas de coureiras. A punga é um convite à dança e se constitui no alto, sensual e erótico desse bailado maranhense.
  • As vestimentas das participantes são de um colorido realçante com suas saias rodadas, blusas de cores fortes, flores na cabeça, colares e outros tantos adornos. Já os homens usam apenas chapéus de palha e camisas bem coloridas, geralmente combinando com a estamparia da saia das mulheres.


Cacuriá
                                                                               Imagem 4 - Cacuriá

  • A dança do cacuriá é genuinamente maranhense e foi criada pelo sr. Lauro, figura que era conhecida por seus trabalhos na comunidade Ivar Saldanha, entre 1972 e 1973 a partir de um determinado “fato” da festa do Divino, que até hoje acontece na Casa de Nagô, Casa das Minas e outras, onde após a derrubada do mastro, suas caixeiras se reúnem para folgar, na qual fazem uma festa chamada “Carimbó das Caixeiras”.
  • Esta dança trás duas características importantes, a religiosidade e a simplicidade da brincadeira junina. Ela trás na denominação uma palavra sem origem definida pela língua portuguesa.
  • A dança atualmente é tradição entre os folguedos juninos maranhenses. Com liberdade e descontração, as caixeiras cantavam as ladainhas em ritmo acelerado. Os homens também participavam da brincadeira marcada pela dança, versos, piadas e coreografias. 


Dança do Coco



                                                                      Imagem 5 - Dança do coco

  • Esta dança é originaria das rodas de quebradeiras de coco e considerada uma das mais representativas manifestações do folclore local, seu ciclo é durante os festejos juninos. É dançada em pares, sua coreografia é simples e a movimentação permite aos brincantes se posicionarem ora frente ora de costa.
  • A indumentária típica da brincadeira são roupas caipiras semelhante as da quadrilha. Os adereços que diferem o Coco em relação às outras danças de rodas são o cofo e a machadinha. Os instrumentos fazem alusão aos utensílios utilizados pelos trabalhadores nos babaçuais. Os instrumentos utilizados nessa dança junina são: a retinta, marcação, agogô, triangulo, ganzá e repique.


Dança Portuguesa


                                                                  Imagem 6 - Dança portuguesa

  • É uma dança executada em pares, uma das heranças bem portuguesa nas manifestações folclóricas maranhenses. Trajando roupas típicas de Portugal, com muitos bordados, com destaque às meias brancas e aos lenços nas mulheres, e chapéus e luvas nos homens, os pares dançam ao som de fados e viras. Um casal a frente comanda os passos.
  • A dança portuguesa não chega a ser uma das grandes manifestações folclóricas do período junino maranhense. No entanto, é uma dançadas que mais grupos representantes no Estado do Maranhão. É uma prova cabal da diversidade das danças folclóricas são-luisenses, traz a elegância dos movimentos com suas indumentárias peculiares acabam empolgando os assistentes dos mais diversos arraiais.


Dança de São Gonçalo

  • São Gonçalo no Estado do Maranhão é considerado o padroeiro das “titias”, o Santo da Esperança das solteironas. Oriunda da cultura lusitana, a dança é reverenciada com o baile ao “homenageado”. É realizado geralmente como pagamento de promessa feita ao santo.
  • As rodas ou jornadas de São Gonçalo são animadas pelos ritmos das violas, rebecas, castanholas e pandeiros. A dança é feita aos pares, tem coreografias entremeadas pelos tradicionais leilões de iguarias.


Dança do Caroço


                                                                   Imagem 7 - dança do caroço

  • Outra dança de origem afro é o Caroço, que tem no maranhão sua procedência da cidade de Tutoia. É uma dança livre, sem formação rígida, executada por brincantes de qualquer idade ou sexo. Quatro caixas-tambores, uma cuíca, um cabaça envolta em sementes de ave maria e/ou pau brasil formam a bateria dos instrumentos do Caroço, acompanhados por toadas improvisadas. Os cantores tiram as toadas, e os demais brincantes respondem com um refrão.


Dança do Lelê


                                                                    Imagem 8 - Dança do Lelê

  • Semelhante à Quadrilha, de origem Francesa, bailada por negros e velhos. Ela é uma especie de quadrilha do sertão, sendo que os passos são bem mais difíceis que o bailado convencional.
  • O Lelê é dançado em pares dispostos em filas duplas de homens e mulheres. O cordão é liderado pelos cabeceiras ou mandantes. O cabeceira de cima, o primeiro da fila dos brincantes, é quem ordena as variações dos passos.
  • Nas Festas Juninas são-luisenses é uma das danças que pontifica nos arraiais. A dança é composta de quatro partes. Na primeira é denominado de chorado, é uma especie de convite. Os participantes cantadores e trocadores se apresentam a saúdam uns aos outros. Formam-se, então os cordões. Depois é iniciada a dança grande- que é mais longa da festa - onde os brincantes mostram-se mais alegres e animados. Bom frisar, que o Lelê é dançado na sua maioria por pessoas idosas. Desta feita, também é chamada de dança de Velho.





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Fontes: 
REIS, José Ribamar Sousa dos. São João em São Luis: o maior atrativo turistico-cultural do Maranhão. São Luis: Aquarela, 2003.

Imagem 1 - Bumba-meu-boi. Imagem disponivel em:<patrimoniojovem.wordpress.com>. Acesso em 22 jul 2015
Imagem 2 - Quadrilha. Imagem disponivel em:<www.blogsoestado.com>. Acesso em 22 jul 2015
Imagem 3 - Tambor-de-crioula. Disponivel em:<www.blogsoestado.com>. Acesso 22 jul 2015
Imagem 4 - Cacuriá. Disponivel em:< wikidanca.net> Acesso 22 jul 2015
Imagem 5 - Dança do coco. Disponivel em:<olhares.uol.com.br>.Acesso 22 jul 2015
Imagem 6 - Dança portuguesa. Disponivel em:<saojoaoma.blogspot.com>.Acesso 22 jul 2015
Imagem 7 - dança do caroço. Disponivel em:<poemia.wordpress.com>.Acesso 22 jul 2015
Imagem 8 - Dança do Lelê. Disponivel em:<insiderbrazil.wordpress.com>..Acesso 22 jul 2015











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